Marco conceitual
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Marco conceitual
No geral o documento traz uma visão muito aberta e propositiva, embora com alguns "equívocos" conceituais:
- acessibilidade universal:a acessibilidade sempre é total, não existe "meia acessibilidade" ou "acessibilidade parcial". É muito confundida com o Desenho Universal.
- igualdade de condições para todos os indivíduos: um conceito debatível. Qual é realmente o tipo de igualdade? Há uma certa dificuldade em se aceitar as diferenças. A acessibilidade traz como premissas a autonomia e segurança e a equiparação de oportunidades. A igualdade em ser independente, não necessariamente nas condições. A fruição de um cadeirante é diferente da de um hemoplégico, de um surdo, de um cego.
- a acessibilidade cultural tem se direcionado muito ao "visitante'.
- a acessibilidade cultural contempla os seguintes tipos de acessibilidade: física, sensorial, intelectual, econômica, emocional, à esfera de decisões, à informação. Importante ressaltar a participação das pessoas nos processos de elaboração e implantação de programas de acessibilidade cultural. Uma premissa do movimento das pessoas com deficiência é "nada sobre nós, sem nós".
- entender a acessibilidade em campo ampliado, num termo muito interessante que tem sido utilizado para fazer não se restringir às
pessoas com deficiência: pessoas com suas diferenças. Todas aquelas não comumente contempladas nos programas de formação de público (produção e fruição) como as pessoas com deficiência, com necessidades especiais, situação social desfavorável, idosos, crianças, provenientes de regiões periféricas, pessoas que não dominam a língua/linguagem, de diferentes etnias, imigrantes, turistas, outros.
- entender a acessibilidade cultural como garantia ao direito de acesso à cultura e também como importante ferramenta de comunicação horizontal que beneficia a todos os públicos, principalmente em meio à crise da visibilidade cultural.
- acessibilidade universal:a acessibilidade sempre é total, não existe "meia acessibilidade" ou "acessibilidade parcial". É muito confundida com o Desenho Universal.
- igualdade de condições para todos os indivíduos: um conceito debatível. Qual é realmente o tipo de igualdade? Há uma certa dificuldade em se aceitar as diferenças. A acessibilidade traz como premissas a autonomia e segurança e a equiparação de oportunidades. A igualdade em ser independente, não necessariamente nas condições. A fruição de um cadeirante é diferente da de um hemoplégico, de um surdo, de um cego.
- a acessibilidade cultural tem se direcionado muito ao "visitante'.
- a acessibilidade cultural contempla os seguintes tipos de acessibilidade: física, sensorial, intelectual, econômica, emocional, à esfera de decisões, à informação. Importante ressaltar a participação das pessoas nos processos de elaboração e implantação de programas de acessibilidade cultural. Uma premissa do movimento das pessoas com deficiência é "nada sobre nós, sem nós".
- entender a acessibilidade em campo ampliado, num termo muito interessante que tem sido utilizado para fazer não se restringir às
pessoas com deficiência: pessoas com suas diferenças. Todas aquelas não comumente contempladas nos programas de formação de público (produção e fruição) como as pessoas com deficiência, com necessidades especiais, situação social desfavorável, idosos, crianças, provenientes de regiões periféricas, pessoas que não dominam a língua/linguagem, de diferentes etnias, imigrantes, turistas, outros.
- entender a acessibilidade cultural como garantia ao direito de acesso à cultura e também como importante ferramenta de comunicação horizontal que beneficia a todos os públicos, principalmente em meio à crise da visibilidade cultural.
cassiogc- Mensagens : 5
Data de inscrição : 21/03/2014
Re: Marco conceitual
Olá Cássio, são muito interessantes os pontos que levantou, ampliando a discussão sobre o conceito de “acessibilidade”!!
Espero que logo você tenha companhia para que os debates tenham início!!
Vamos nos falando por aqui!!
Abs,
Marcella
Espero que logo você tenha companhia para que os debates tenham início!!
Vamos nos falando por aqui!!
Abs,
Marcella
Re: Marco conceitual
Olá Cassio,
Também gostei muito das pontuações colocadas. Concordo com a Marcella, acho que os pontos mencionados ampliam bem a discussão. Tenho iniciado meu estudo pela ideia de acessibilidade atitudinal. Vou voltar ao documento preliminar PNEM para contribuir de forma mais consistente à discussão iniciada.
Abraços,
Márcio
Também gostei muito das pontuações colocadas. Concordo com a Marcella, acho que os pontos mencionados ampliam bem a discussão. Tenho iniciado meu estudo pela ideia de acessibilidade atitudinal. Vou voltar ao documento preliminar PNEM para contribuir de forma mais consistente à discussão iniciada.
Abraços,
Márcio
Márcio Otávio Ferreira Pe- Mensagens : 1
Data de inscrição : 24/03/2014
Re: Marco conceitual
Sim, e é uma das maiores barreiras. O fato é que todas as ações derivam do fato de perceber e reconhecer essas pessoas bem como nosso potencialidade em se tornar uma pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Historicamente as pessoas com deficiência foram excluídas, marginalizadas e em alguns momentos até mesmo dizimadas. O histórico de terminologias nos aponta isso...
1500-1900 - Inválidos:indivíduo sem valor, fardo, inútil. Termo usado na literatura, mídias, leis e instituições.
1901-1960 - Incapacitados: pessoas que se tornaram deficientes nos pós Guerras Mundiais. Nos EUA alavancou o pensamento a respeito da inserção dessas pessoas na sociedade, no primeiro movimento, o da Integração Social, nos anos 60. Nesse modelo, o indivíduo tinha que superar suas dificuldades para ser inserido socialmente. Nos anos 80, o modelo evolui para o vigente, da Inclusão Social, na qual o ambiente é que é deficiente e precisa se adequar para incluir as pessoas.
1960-1980 - Defeituoso, excepcional e deficiente: defeituoso=deformidade, excepcional=deficiências mentais, deficiente=física, auditiva, visual. Reforço da deficiência, não das limitações.
1981-1972 - Pessoas deficientes: 1981 - Ano Internacional das Pessoas Deficientes - ONU. O termo pessoa usado para igualar tanto os direitos quanto a dignidade.
1988-1993 - Portador de deficiência: era alegado que "pessoa com deficiência" considerava o indivíduo deficiente em sua totalidade. Portar uma deficiência seria considerado um detalhe, um valor agregado. Mas portar também traz em si o caráter transitório, como "portar uma arma", "portar um objeto", algo que pode ser colocado e retirado.
1990-1994 - Portadores de necessidades especiais:dificuldades vinculadas tanto a deficiências como não vinculadas a uma causa orgânica.
1994 - Pessoas com deficiência: Declaração de Salamanca - educação inclusiva, não restrita às pessoas com deficiência, mas a todas as pessoas com necessidades especiais.
Hoje - Pessoas com deficiência: Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência (ONU-2003). Não esconder a deficiência, mas mostrá-la com sua dignidade e realidade, valorizar as diferenças, encontrar medidas para eliminar restrições de participação.
1500-1900 - Inválidos:indivíduo sem valor, fardo, inútil. Termo usado na literatura, mídias, leis e instituições.
1901-1960 - Incapacitados: pessoas que se tornaram deficientes nos pós Guerras Mundiais. Nos EUA alavancou o pensamento a respeito da inserção dessas pessoas na sociedade, no primeiro movimento, o da Integração Social, nos anos 60. Nesse modelo, o indivíduo tinha que superar suas dificuldades para ser inserido socialmente. Nos anos 80, o modelo evolui para o vigente, da Inclusão Social, na qual o ambiente é que é deficiente e precisa se adequar para incluir as pessoas.
1960-1980 - Defeituoso, excepcional e deficiente: defeituoso=deformidade, excepcional=deficiências mentais, deficiente=física, auditiva, visual. Reforço da deficiência, não das limitações.
1981-1972 - Pessoas deficientes: 1981 - Ano Internacional das Pessoas Deficientes - ONU. O termo pessoa usado para igualar tanto os direitos quanto a dignidade.
1988-1993 - Portador de deficiência: era alegado que "pessoa com deficiência" considerava o indivíduo deficiente em sua totalidade. Portar uma deficiência seria considerado um detalhe, um valor agregado. Mas portar também traz em si o caráter transitório, como "portar uma arma", "portar um objeto", algo que pode ser colocado e retirado.
1990-1994 - Portadores de necessidades especiais:dificuldades vinculadas tanto a deficiências como não vinculadas a uma causa orgânica.
1994 - Pessoas com deficiência: Declaração de Salamanca - educação inclusiva, não restrita às pessoas com deficiência, mas a todas as pessoas com necessidades especiais.
Hoje - Pessoas com deficiência: Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência (ONU-2003). Não esconder a deficiência, mas mostrá-la com sua dignidade e realidade, valorizar as diferenças, encontrar medidas para eliminar restrições de participação.
cassiogc- Mensagens : 5
Data de inscrição : 21/03/2014
Re: Marco conceitual
Sobre acessibilidade atitudinal
"Dicas de Relacionamento com as pessoas com deficiênica"
Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/pessoa_com_deficiencia/dicas.PDF
cassiogc- Mensagens : 5
Data de inscrição : 21/03/2014
Re: Marco conceitual
“Quando uma pessoa com deficiência está em um ambiente acessível,suas atividades são preservadas, e a deficiência não afeta suas funções. Em uma situação contrária, alguém sem qualquer deficiência colocado em um ambiente hostil e inacessível pode ser considerado deficiente para esse espaço”, Silvana Cambiaghi, 2007.
- Deficiência: perturbação no nível orgânico, alteração temporária ou permanente, comprometimento psicológico, fisiológico ou anatômico.
- Incapacidade: perturbação no nível da própria pessoa. Consequência da deficiência no desempenho e atividades funcionais do cotidiano.
- Desvantagem: perturbação a nível social. Prejuízo que o indivíduo experimenta em sua integração com a sociedade devido à deficiência e às incapacidades decorrentes.
Acho que falar em acessibilidade cultural traz muito a questão da desvantagem, em pontos de barreiras arquitetônicas, atitudinais, emocionais e de conteúdo. Ressalta mais do que nunca o lugar do educativo em espaços culturais como colaborador, não executor. Alguns manuais de expografia acessível, como o do Smithsonian deixam isso evidente, mesmo que de forma não intencional; essa espécie de "expografia educativa", que pensa na diversidade de público, de abordagens de conteúdo e de apropriação. Toda expografia deveria se ater a isso em geral mas não é o que ocorre e o que se reproduz é um "não sei do que falo" para um "não entendo o que dizem", ruídos comunicacionais permanentes em espaços de cultura. A acessibilidade cultural deixa isso muito evidente e claro: não há como ignorar o público, não há como ignorar o papel da mediação.
- Deficiência: perturbação no nível orgânico, alteração temporária ou permanente, comprometimento psicológico, fisiológico ou anatômico.
- Incapacidade: perturbação no nível da própria pessoa. Consequência da deficiência no desempenho e atividades funcionais do cotidiano.
- Desvantagem: perturbação a nível social. Prejuízo que o indivíduo experimenta em sua integração com a sociedade devido à deficiência e às incapacidades decorrentes.
Acho que falar em acessibilidade cultural traz muito a questão da desvantagem, em pontos de barreiras arquitetônicas, atitudinais, emocionais e de conteúdo. Ressalta mais do que nunca o lugar do educativo em espaços culturais como colaborador, não executor. Alguns manuais de expografia acessível, como o do Smithsonian deixam isso evidente, mesmo que de forma não intencional; essa espécie de "expografia educativa", que pensa na diversidade de público, de abordagens de conteúdo e de apropriação. Toda expografia deveria se ater a isso em geral mas não é o que ocorre e o que se reproduz é um "não sei do que falo" para um "não entendo o que dizem", ruídos comunicacionais permanentes em espaços de cultura. A acessibilidade cultural deixa isso muito evidente e claro: não há como ignorar o público, não há como ignorar o papel da mediação.
cassiogc- Mensagens : 5
Data de inscrição : 21/03/2014
Re: Marco conceitual
Olá Cássio,
Bacana compartilhar este histórico dos conceitos, pois eles são norteadores de políticas e fundamentais para vislumbrarmos como a questão da acessibilidade foi (ou não) trabalhada ao longo os tempos.
E não é só uma questão de nomenclatura, mas a forma como as pessoas com deficiência são vistas e tratadas.
Valeu por contribuir com a discussão, o seu eixo é o único que avançou dentre os eixos da RIMC!!
Abraços,
Marcella
Bacana compartilhar este histórico dos conceitos, pois eles são norteadores de políticas e fundamentais para vislumbrarmos como a questão da acessibilidade foi (ou não) trabalhada ao longo os tempos.
E não é só uma questão de nomenclatura, mas a forma como as pessoas com deficiência são vistas e tratadas.
Valeu por contribuir com a discussão, o seu eixo é o único que avançou dentre os eixos da RIMC!!
Abraços,
Marcella
Re: Marco conceitual
Sobre tecnologias assistivas.
"Ação 2.1.2: Desenvolver métodos de comunicação que possam atingir a todos, como legendas, audioguias e palmtops, sem desviar a atenção do acervo, complementando informações existentes".
Interessante ressaltar a necessidade de se criar uma comunicação horizontal. Quando se fala em acessibilidade, comunicação e tecnologias assistivas, muito enfoque se tem dado aos aparatos, sobretudo os tecnológicos, que embora muito importantes, nem sempre efetivamente funcionam ou trabalham ainda reforçando a ideia de "complementar", "traduzir", "equiparar". Claro que essas designações devem ter seus lugares, mas uma nova comunicação deve ser criada, não somente para pessoas com necessidades especiais, mas para o público em geral. Na verdade há que se caminhar para um modelo que em haja somente "público", independente de seu caráter. O público dito "normal" tem encontrado uma comunicação ainda muito pobre e limitadora se pensarmos por exemplo nas potencialidades da sinestesia e cinestesia e da crise da visibilidade. Outro ponto é o "desvio do acervo", já afastado das pessoas com deficiência em termos de curadoria, expografia e conservação/restauração. É função do educativo dar conta disso?
Esse vídeo é do "Hands On Search", no Japão, e traz essa questão.
https://www.youtube.com/watch?v=xQx6YeoKVwU
"Ação 2.1.2: Desenvolver métodos de comunicação que possam atingir a todos, como legendas, audioguias e palmtops, sem desviar a atenção do acervo, complementando informações existentes".
Interessante ressaltar a necessidade de se criar uma comunicação horizontal. Quando se fala em acessibilidade, comunicação e tecnologias assistivas, muito enfoque se tem dado aos aparatos, sobretudo os tecnológicos, que embora muito importantes, nem sempre efetivamente funcionam ou trabalham ainda reforçando a ideia de "complementar", "traduzir", "equiparar". Claro que essas designações devem ter seus lugares, mas uma nova comunicação deve ser criada, não somente para pessoas com necessidades especiais, mas para o público em geral. Na verdade há que se caminhar para um modelo que em haja somente "público", independente de seu caráter. O público dito "normal" tem encontrado uma comunicação ainda muito pobre e limitadora se pensarmos por exemplo nas potencialidades da sinestesia e cinestesia e da crise da visibilidade. Outro ponto é o "desvio do acervo", já afastado das pessoas com deficiência em termos de curadoria, expografia e conservação/restauração. É função do educativo dar conta disso?
Esse vídeo é do "Hands On Search", no Japão, e traz essa questão.
https://www.youtube.com/watch?v=xQx6YeoKVwU
cassiogc- Mensagens : 5
Data de inscrição : 21/03/2014
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